quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PONTES

Sempre à margem.

Nunca além.

Havia um vazio.

Mas havia um outro lado.

Quem sabe o que se encontraria?

Mais do que aqui nesta margem finita?

Assim pensou o homem.

Anos passavam como a grande água que ficava entre ele e seu desejo.

Sua curiosidade.

Uma noite a tempestade.

Relâmpagos, vento, medo.

Em sua caverna, ele escondia seu rosto no chão.

Raiou o dia.

Sol alegrou sua face.

Como de costume foi até a margem sonhar com o outro lado.

Espantado viu que um grande tronco agora ligava os dois extremos.

Seu corpo tremia.

Emoção, pavor.

Ambos confundiam sua mente.

A curiosidade era maior.

O desejo de ver o invisível.

Gatinhando, tal qual uma criança, foi sobre o tronco.

Sob ele a grade água passava quase que furiosa.

Mas avançou, avançou, avançou.

Quando trêmulo seus pés tocaram o solo, seu coração disparou.

Enfim o outro lado.

O outro mundo.

Uma ponte.

A palavra ainda não existia.

Porém, ali estava ela.

Um caminho além da margem.

Séculos passaram.

A palavra surgiu.

O homem deixou as cavernas.

Trouxe consigo o conhecimento.

Na margem do Eufrates, Ur.

A mais antiga cidade tinha pontes.

Pedras das pirâmides passaram sobre pontes.

As pontes do Reno que Cesar construiu para deter os germanos.

Pontes que salvaram um império.

Pontes dos eternos amantes de Verona.

Que suportam o peso dos amores perdidos sobre o Sena.

Pontes.

Que ligam vidas.

Sempre uma ponte estará ligando nossos caminhos.

Nosso destino.

Nosso diário quotidiano.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Puente del Diablo, Martorell, Espanha
Foto: Wikipédia

Talvez a mais sólida ponte dos romanos, da qual ainda existem ruínas bem conservadas, é a do Diabo, em Martorell, Espanha, sobre o rio Llobregat, construída em 219 a.C.




Ponte de Alcântara, Toledo, Espanha
Foto: Wikipédia, foto tirada em 2006

Os arcos foram usados pela primeira vez no Império Romano, para a construção de pontes e aquedutos, e até hoje ainda podemos ver estas construções. Também foram os Romanos os primeiros a usar o cimento, o que permitiu uma melhor sustentação em suas obras. Após a era Romana, o tijolo e a argamassa foi aos poucos substituindo a tecnologia do cimento.
Construída no ano 106 pelos Romanos, a Ponte de Alcântara tem 194m de comprimento, 8m de largura e 71m de altura.


Ponte de Alcantara, Toledo, Espanha

Toledo é considerada patrimônio cultural da humanidade pela Unesco desde 1987, a capital da comunidade autônoma e da província de Castilla-La Mancha pertenceu aos romanos, vizigodos, mouros, judeus e cristãos.


Ponte Sant Angelo, Roma
Foto: Andreas Tille

Das pontes em arco, os Romanos aperfeiçoaram as técnicas e realizaram projetos incríveis e duradouros, nunca antes visto, as magníficas “obras de arte” em formas de pontes perduram até os dias de hoje, como a Pons Aelius, (134 a.C), onde teria sido usada pozzolana** (uma espécie de cimento que mantém a resistência mesmo submerso) hoje conhecida como Ponte Sant Angelo, (com mais de dois mil anos de existência) sobre o Rio Tibre e a Ponte de Alcantara-Toledo, Espanha.

** Pozzolana, nome derivado da cidade italiana de Pozzuoli, nas imediações do Vesúvio, onde é encontrada em cinzas vulcânicas – conhecidas por cinzas pozolânicas. Na sua origem as pozolanas são rochas de origem vulcânicas, constituídos por uma mistura quase homogênea de materiais argilosos, e areias. A pozolana é um dos componentes do cimento utilizada na preparação de argamassas pozolânicas, misturada com água e cal hidratada, melhorando as características cimentantes e permitindo a sua utilização dentro de água.

Ponte di Pietra, Verona, Itália
Foto: Stefano Attalienti

A ponte Ponte di Pietra, em Verona, Itália, cruza o Rio Etsch e foi concluída em 100 A.C. Destruída pelas tropas alemãs durante a segunda guerra, a ponte foi reconstruída em 1957 com materiais originais.


Ponte di Pietra, Verona, Itália

Das pontes em arco há indícios da construção desde 4000 a.C. na Mesopotâmia e Egipto e, mais tarde, na Pérsia e na Grécia (cerca de 500 a.C.). A estrutura mais antiga construída pelo homem e que chegou aos nossos dias foi a ponte de pedra, feita em arco, no Rio Meles, na região de Esmirna, na Turquia, construída século IX a.C.).
Ponte para peões sobre o Kotmale no Sri Lanka
Fonte: Wikipédia

As primeiras pontes surgiram de forma natural, pela queda de troncos das árvores sobre os rios, criando a possibilidade de passagens à outra margem. O homem aperfeiçoou os “incidentes” naturais e passou a criar outras pontes feitas de troncos, de pedras e pranchas associando-as à outros tantos recursos disponíveis na natureza, como cipós, cordas, pedras e travas feitas com pedaços de madeira, para que estas não fossem derrubadas facilmente permitindo a ida e a volta para o destino.